terça-feira, 27 de abril de 2010

PEDRO MACHADO

Aluno da Soares dos Reis vence Prémio de Fotografia no Festival Black & White.

PEDRO (Miguel Ferreira) MACHADO, ganhou o Prémio de Melhor Fotografia (CENTRO DE CRIATIVIDADE DIGITAL AWARD) pelo trabalho "Expressão" no festival Black & White 2010 organizado pela Escola de Artes da Universidade Católica.

O Pedro concluiu a especialização em Fotografia no Curso de Comunicação Audiovisual em 2009 encontrando-se neste momento a realizar melhorias de notas (12º D1).

"For the ability to subvert the practice of traditional portrait photography"
foi o comentário do júri.

ver aqui a lista dos Palmarés do Black & White 2010.

P.S.:
Andamos à procura de um fotografia do Pedro e a que encontramos não é publicável. Ao próprio Pedro pedimos que nos envie uma.

domingo, 25 de abril de 2010

ILDA SEARA

Ilda Seara – construtora de uma Soares da “Cidade Nova”

Daquele punhado de mestres que povoam o meu imaginário de mais de vinte anos da Escola Soares dos Reis, há todos os espaços do edifício em si da “velha” Firmeza que habitavam, desde as salas onde leccionavam até aos locais onde era mais que provável encontrá-los. E convoque-se a nossa memória visual: havia na sala de prof’s, um cantinho natural para a Ilda, essa colega “de cabelos brancos”. Linda, elegante, a irradiar simpatia, cujo rosto se transfigurava no entusiasmo sublime com que falava ou expunha assuntos de arte, do seu ensino, do “seu” design. Aquele cantinho do lado esquerdo de quem entrava, nos intervalos das aulas da noite ou de fim de tarde, era lugar de tertúlia, de riso rasgado, de seriedade absoluta da conversa da Política à Cultura, da Escola ao sabor do Saber. Ou da Arquitectura dita “popular” apadrinhada pelo Manuel Graça Dias, com aqueles “monumentos” na praia da Caparica. E também os entusiasmos “militantes” com o trabalho de tantos criadores e defensores de património tais como o Cláudio Torres em Mértola, para onde “convocava” vários dos seus cursos de formação, aquando dos seus trabalhos no Centro de Formação João de Deus.

Reconheço certamente que não seria eu a pessoa mais indicada para fazer o elogio “fatal” desta grande mulher, professora da Soares dos Reis ao longo de décadas, pedagoga, autora de livros e manuais, orientadora de estágios, quase diria a “madrinha” do 5º. Grupo , para usar uma terminologia que, sendo do passado, não é de todo ultrapassada, dado que coincide com uma época em que ainda era permitido sonhar, ter ideais, realizar projectos, criar uma “Escola Nova” como quem carrega aos ombros aquela imensa Utopia do Fanhais chamada “Canção da Cidade Nova” que nos fazia levantar todas as manhãs com a ideia de um país a construir. Com a certeza de que estávamos dentro da História, interferindo nos destinos colectivos, através das práticas lectivas, abrindo postigos, janelas, portas, becos, ruas ou avenidas para a sociedade portuguesa do Futuro, resgatada do medo e da míngua de Liberdade. Haveria, por isso, muito mais gente, uma plêiade de artistas plásticos, de arquitectos, de designers, de professores que foram seus discípulos, amigos, colegas, alunos, formandos…com muito maior e mais abundante experiência de proximidade e de intimidade para o fazer que a minha escassa relação com a Ilda Seara.

Mas pronto. Recordo o seu contínuo entusiasmo transbordante quando me falava de arquitectura, do “seu” moinho que recuperara, ali para os lados de Paço de Sousa, onde gostava de passar os seus fins de semana, como refúgio. E deixava transparecer um halo psicológico e intelectual cuja finura saltava esses tímidos sinais de um gosto estético burguês para assumir por inteiro a substância de uma existência criativa e criadora, capaz de iluminar o coração dos outros e de os inquietar, de os abrir ao desejo e à busca de horizontes. Porque há realmente pessoas que são assim deste jeito, que andam a serpentear as nossas vidas até as sacudir por dentro, gerando novas possibilidades de ser, tais como as de ir até ao interior último da Palavra. Por isso tanto cultivava Wittgenstein nas suas acções de formação. Sabendo que é na comunicação e na linguagem mesma que tudo se decide, tanto no que se diz como no que se desdiz ou omite. Na Arte, como na Política que a acompanha com toda a presença e proximidade, legítima ou não.

Um indício superlativo das suas preocupações com a Escola Soares dos Reis era a Biblioteca. Que a queria limpa e arejada, mas acima de tudo, actualizada, instando com os responsáveis para a aquisição de obras fundamentais no domínio das artes, da estética, do cinema, da arquitectura e suas novidades. Creio que podemos firmar este grande traço da sua personalidade, como se o mesmo instituísse o risco contínuo da perenidade da Arquitecta Ilda Seara entre nós nesta Comunidade educativa: o amor ao saber ou a arte de amar a Arte como a forma mais elevada de viver!

José Melo (de Filosofia)

terça-feira, 20 de abril de 2010

FEIRAS FRANCAS



Exposição - Venda

de peças de joalharia


Palácio das Artes

(Largo de S. Domingos - Porto)


Dia 24 de Abril das 10h00 às 24h00



As peças realizadas pelos formandos dos cursos EFA de Joalharia/ Cravador e Desenho Gráfico reflectem a visita de estudo ao centro Histórico Portuense e a interiorização das palavras do professor Alvaro Gómez Ferra Bayo: Deve-se cultivar um conhecimento profundo da história, da arquitectura (…) e de uma coisa que é mais difícil de avaliar objectivamente e que consiste na sensibilidade particular, capaz de identificar o carácter inerente da cidade histórica (…) e saber interpretar a capacidade que a cidade tem para admitir as transformações que se dão ao longo do tempo.

Álvaro Gómez Ferra Bayo “ Critérios de autenticidade en la conservación del Centro Histórico de Porto” in “Porto reflectir (sobre) a Cidade Histórica: Porto Património Mundial, CMP 1999.

Para conhecer mais sobre as Feiras Francas
http://feirasfrancas.blogspot.com

terça-feira, 13 de abril de 2010

O CINEMA PARAÍSO “mora” em VILA NOVA DE MILFONTES


E não se trata de nenhum Giuseppe Tornatore , imortalizando o “seu” Alfredo e o “seu” Totó/ Salvatore ou a sua inesquecível Elena, numa pequena, pobre e ignorada terrinha do sul de Itália da II Guerra e do após-guerra…

Mas há nele o mesmo brilhozinho nos olhos, igual olhar apaixonado enquanto explica os truques, os desenrascanços, as mil e uma formas de espalhar, pelas recônditas aldeias alentejanas, o seu amor generoso pela “sétima arte”. António Feliciano é um septuagenário muito bem conservado que se afirma capaz de celebrar os seus 50 anos de cinema no próximo Dezembro de 2011, “se lá chegar”…E haverá de, pois com certeza. Fundou há mais de 30 anos um cineclube em Odemira que já fechou. E nem admira: hoje compra-se DVD’s a retalho, pirateados e por tuta e meia, em feiras, às escâncaras!

O meu conhecimento deste magnifico “achado” veio das mini-férias da Páscoa em Vila Nova de Milfontes, mendigando um pouco de sol, um pouco de mar azul, nas lonjuras quilométricas de uma luminosidade de andorinhas. Ali, onde a pretexto da Feira de Turismo, pequena mostra dos produtos da região, dos vinhos às ervas, do turismo rural ao artesanato e à gastronomia, há cante, há burricadas, animação de rua, teatro e cinema ao ar livre. E é deste que se trata agora. No largozinho da Vila, projectando na frontaria da velha igreja matriz azul e branca, onde se colocou um largo pano branco a servir de ecrã, e logo após o sol-pôr, com umas cadeiras de plástico para quem quiser “entrar” ou “ficar”, eis os filmes que valem a pena. Para quem teima desafiar os frios da noite primaveril ou passa rua abaixo e deita o olho espantado pelo insólito da cena, ou. Na Sexta-feira Santa o “Fame” e no Sábado “Julie & Júlia”,com essa cada vez mais prodigiosa Meryl Streep. Tudo muito profano e distante da quadra litúrgica ou talvez não! Que noutras épocas se haveria de passar algum dos grandes êxitos, em cinemaskope, de Cecil B. DeMille,”Os 10 Mandamentos”, obrigatórios na Semana Santa, ou o inevitável “Ben-Hur”, com um Charlton Heston, de músculos de aço, pronto a salvar o seu povo eleito!

Proprietário de uma sala (“mono-sala”, como gosta de frisar, para se distanciar do conceito actual das salas multiplex instaladas nos centros comerciais que têm vindo a crescer como cogumelos por este país fora), o Cinema Girasol, onde promove sessões comerciais, com bilhetes ao custo de 4 euros, em ambiente climatizado, confortável e sempre acolhedor para o cinéfilo, seja turista, seja filho da terra, o amigo Feliciano é um verdadeiro “Senhor Cinema”. Não só porque a sua conversa deixa depreender uma vastíssima cultura cinematográfica, como se lhe desenham constelações de metáforas no rosto,e nele se vão construindo, de súbito, os estúdios de uma qualquer Cinecittà ou de uma Paramount. Ele vive e respira a sétima arte e preocupa-se com o seu futuro, considerando que os custos hão-de impedir a generalização do 3D e que as salas de bairro estão condenadas pela voragem do vídeo e dos novos modelos de tv-cabo. E atreve-se, contra ventos e marés, a ser uma espécie de ONG (organização não-governamental) do cinema, com a sua carrinha de projeccionista, onde transporta toda a parafernália que usa por essas aldeias e vilas Alentejo fora, em dias de feira ou de romaria, crianças à borla, velhos desdentados e tristes, mendigando imagens de um sorriso ou de algum beijo jovem há muito perdido! Como me saltou à lembrança, por razões de proximidade geográfica e doutras, o teatro La Barraca de Garcia Lorca, saltaricando de terra em terra.

Mas volto à carga porque, como diz Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, em “Ecrã Global”: «A arte do cinema é, primeiro e antes de tudo, uma arte de consumo de massas, sem outra ambição que não seja a de divertir, de dar prazer, de permitir uma evasão fácil e acessível a todos, ao contrário das obras vanguardistas, herméticas e provocadoras , destinadas a revolucionar o velho mundo para fazer nascer o “homem novo”. O objectivo é oferecer novidades de produção sistemática que sejam acessíveis e possam distrair o maior número de pessoas possível. É aí, precisamente, que se encontra a modernidade irredutível do cinema.» (pgs. 38/9, Ed. 70). Assim sendo, caro amigo Feliciano, continue o seu projecto existencial, essa sua missão laica de espalhar a “fé cinéfila” numa actividade que ou entra pela vida dentro ou cuja dimensão forma com ela uma tal simbiose que só o Cinema Paraíso foi capaz de evidenciar na perfeição mais absoluta. Como sumo-sacerdote (no bom sentido, entenda-se), invejo-lhe o facto de ter já alguns aprendizes que lhe seguem os passos e lhe hão-de continuar a obra. Porque tenho para mim, em segredo, que a sétima arte foi, é e será sempre uma “fábrica de sonhos” que nunca abrirá falência, glosando a repetida fórmula shakespeariana “We are such stuff as the dreams are made on” (Hamlet).

José Melo (prof. de Filosofia na Escola Artística Soares dos Reis – Porto)