quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

TESTEMUNHO DE VIVÊNCIA NA SOARES DOS REIS

No passado dia 20 de Dezembro de 2008, por ocasião do almoço de Natal, tive a oportunidade de voltar a encontrar-me com professores e auxiliares de acção educativa da Escola Secundária Artística de Soares dos Reis. Pessoas conhecidas desde há muitos anos e que é sempre bom reencontrar, principalmente nestas ocasiões festivas. Tendo, por esses dias, recusado alguns dos convites para os tradicionais almoços ou jantares de Natal, foi com especial satisfação que aceitei estar presente na Escola Soares dos Reis, respondendo afirmativamente ao convite que, gentilmente, me fora dirigido pelo Conselho Directivo. Desta vez, já não se tratava da «velhinha» Soares, da Rua da Firmeza, escola carregada de história, mas a que ocupa as renovadas instalações da que foi, outrora, a escola Oliveira Martins. Como ainda não conhecia o novo edifício, ao chegar, fiquei deslumbrado perante a enorme diferença entre as instalações do passado e as do presente.

Nos momentos que antecederam o almoço, fui cumprimentando entusiasticamente as pessoas conhecidas, muitas delas sem as ver há vários anos, demorando-me um pouco com cada uma a fim de me inteirar das novidades. Apercebi-me da renovação que conheceu o corpo docente, e das reformas que já tinham chegado a muitos dos presentes, para satisfação dos mesmos, diga-se de passagem. Na conversa que mantive com funcionários e colegas de muitos anos dei conta que a minha ausência não tinha afectado a nossa relação nem parecia tão longa como aquela que na verdade se verifica, pois o último ano em que leccionei naquela escola foi já em 2004/2005. Como acontece em muitos casos, a ausência parecia breve e não de anos.

Durante mais de uma década leccionei, como professor provisório do 5º Grupo, um conjunto muito variado de disciplinas, algumas delas em áreas muito díspares, o que me obrigou, em cada ano lectivo, a um enorme esforço de preparação de aulas, mas que me deu sólidos conhecimentos nas respectivas áreas. Conhecimentos esses que sempre me foram muito úteis, não só em termos profissionais, como em termos pessoais, em particular no acompanhamento dos estudos dos meus filhos. Ao longo do tempo passei por diversas experiências relacionadas com a actividade docente, sendo uma das mais gratificantes a participação, durante 3 anos, no Conselho Executivo. Procurei sempre manter as mais as mais cordiais relações com todos os que faziam da escola Soares dos Reis o seu local de trabalho: em primeiro lugar os professores e os alunos, passando pelas pessoas dos serviços administrativos e pelos auxiliares de acção educativa. A cordialidade com que fui recebido no almoço de Natal, tanto pelo Conselho Executivo, como pelos professores e funcionários, confirmou que o mais importante nas relações humanas são os valores que se cultivam e o interesse verdadeiro mostrado pelos que connosco trabalham. As marcas profundas que se deixam, positivas ou negativas, perduram e não se desgastam nem se esquecem facilmente com o passar dos anos. Assim se justifica não só o ambiente quente e acolhedor que senti na maior parte das pessoas que contactei, como também a atenção que me dispensam alguns alunos que vou encontrando pela cidade e os que, pelas voltas da vida, voltaram a ser meus alunos na Faculdade de Letras onde actualmente lecciono. É muito significativo dar conta que a maioria dos alunos têm uma impressão muito positiva do tempo que passaram na Escola Soares dos Reis e dela guardam, na generalidade, boas e gratas recordações.

Mas a vida da escola é formada, também, pelos Encarregados de Educação dos alunos. Durante o almoço tive a oportunidade e o prazer de conhecer alguns dos elementos que fazem parte da direcção da Associação de Pais, pois ficámos sentados à mesma mesa juntamente com o Prof. Alberto Teixeira. Na animada conversa apercebi-me do entusiasmo, do interesse e do empenho que existe no seio da Associação, em participar na vida da comunidade escolar, e das iniciativas que estão em curso, algo que há alguns anos atrás seria muito difícil encontrar. Fico profundamente satisfeito e louvo os Encarregados de Educação que se empenham em dignificar a escola, dando vida a um órgão tão importante para a escola. Também aqui se notaram ventos de mudança e não são só nas novas instalações que, no final do almoço me foram gentilmente mostradas pelo Presidente do Conselho Directivo, Prof. Alberto Teixeira e perante as quais fiquei fascinado. Eu que conheci, muito bem, o edifício antigo, pleno de história, como acima referi, não posso deixar de manifestar a minha admiração e o meu agrado por tudo quanto encontrei e que constitui, sem dúvida, uma mudança, para melhor, há muito desejada, e justamente reclamada.

Todavia, nem tudo são rosas, claro, pois se a maior parte das pessoas que contactei encaram como positivas estas novas instalações e os equipamentos que delas fazem parte, é preciso dar conta que para quem as utiliza no dia-a-dia há sempre pequenos aspectos que, não estando totalmente adaptados à sua função podem ser melhorados. Mas uma coisa é certa: trata-se de um grande salto qualitativo que é irreversível. Daí que, quer se goste ou não, seria muito positivo para a comunidade escolar e, para os alunos em particular, que pudessem ser ultrapassadas pequenas questões ou interesses pessoais e todos pudessem colaborar, numa atitude positiva, colocando ao dispor da comunidade escolar as suas energias e saberes, em ordem ao bem-estar comum em prol da qualidade do ensino numa escola que marcou o país no campo artístico, que continua a marcar dentro e fora do país e que ainda tem muito para dar.

Penso que a proximidade de mais uma celebração do «Dia da Escola», constitui uma excelente oportunidade para ultrapassar pequenas divergências e assinalar a vontade de cada pessoa em dar o melhor de si, na sua área de actuação, a fim de que toda a comunidade escolar se sinta realizada e tenha gosto pelo trabalho que desenvolve. Cada pessoa constitui uma pequenina, mas indispensável tessela de um gigantesco mosaico. E este só está completo e atinge a sua plena beleza, quando cada uma aceita ocupar o seu lugar e tiver consciência da sua real importância na construção da totalidade.

Pela minha parte, apesar de muitas dificuldades e contratempos que enfrentei durante os anos em que leccionei na Soares dos Reis, não obstante os momentos baixos e os mais elevados, não posso deixar de testemunhar o quanto foi positivo para mim, em termos humanos e profissionais, ter dado o meu melhor, e o muito que aprendi no contacto diário com professores, alunos e funcionários da saudosa Soares dos Reis.

Luís Alberto Casimiro (Outras Vozes)

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